quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Irritações de fim de ano ( yooogaa socorrooo!)

Branco : Pra todos os lados tem gente vestida de branco, parece até uma convenção de pais de santo! ( não tenho absolutamente nada contra pais de santo...só pra que fique claro). "Ah é porque todos querem paz"...Uma ova! As pessoas vivem brigando por besteiras...Quer a paz? Evite as pequenas guerras do dia-a-dia...

Retrospectiva: Pra quê isso????(Fora as jornalísticas...essas são legais até...)

Receitas de simpatias/ Dicas de numerologia : Essas pessoas realmente devem ter uma vida esplêndida ,não??? Elas sabem todas as dicas para uma vida mais feliz..."Misture pimenta com canela lave as mãos e bang! seus problemas acabaram!" ou "Coloque um B depois do número da sua casa e bang! seus problemas acabaram!"...E não esqueça do famooooso "banho azul" daquela vidente que conversa com espíritos!

Previsões da vida dos famosos: Ah...Se cada um cuidasse da sua...

Talvez esteja realmente na hora de eu começar a praticar yoga...

Pensamentos...Só pensamentos...

Eu me sentei no banco mais limpo da praça e olhei para as árvores, depois para o céu e então respirei fundo.Fiz o rotineiro movimento de olhar para o relógio de pulso, esqueci-me de que não usava mais relógio, porque saber as horas era sempre angustiante.
Eu esperei.
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Perdi a conta de quantos CDs eu tenho. Hoje, enquanto eu escutava um deles, quis saber a quantidade, mas não contei.A janela –mesmo com as grades- e o teto me pareceram mais interessantes do que contar.
Devo ter pelo menos cem.Ou cento e cinqüenta.
Faço questão de gravar todos os CDs que baixo.
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Eu queria abrir as janelas...Mas se eu abrir eles entram...
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Quem nunca olhou pra uma flor e disse : “ Nossa...tão bonita que parece de mentira”?
Deveria ser o contrário...As flores de plástico imitam as naturais...

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O último dia do ano de um tempo que nós mesmos inventamos...Até parece algo místico, como se pudéssemos sentir a volta completa dessa bola que habitamos. Cascatas de luz brilharão no céu para olhos esperançosos. Alguém sussurrará um pedido, bem baixinho....Como quem conta um segredo.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Esperança

Esperança

Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

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Pois é...é a época de renovação da esperança, de a louca virar criança....É o que dizem.
Já li em algum lugar ( ou ouvi...minha memória não funciona tão bem para coisas úteis...)que as coisas acontecem quando não há mais esperança, porque ela faz com que fiquemos sempre no mesmo lugar, na “zona de conforto” esperando e esperando e.....
Cheguei a concordar com a frase. Hoje já não sei mais.
Esperança é algo muito próximo da fé. É um acreditar sem ter provas concretas ou garantias.
Dois dias para acabar o ano...Tenho a sensação de que o tempo passou enquanto eu procurava formas familiares nas nuvens...

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Como será a música no mundo das idéias?

domingo, 28 de dezembro de 2008

Do-is

Não era nenhuma data especial. Não havia nada a ser comemorado, mas decidiram que iriam almoçar fora. A música que vinha do rádio preenchia o silêncio. Depois de muitos anos vivendo juntos parecia que tudo que havia para ser dito já havia sido dito.
Escolheram qualquer mesa na área de fumantes. Pediram as bebidas enquanto comiam um aperitivo, ele pediu um refrigerante e ela pediu um suco de laranja. Com ela ele não bebia.
Enquanto os ocupantes das outras mesas conversavam, riam alto e pareciam estar se divertindo, eles ficavam em silêncio, guardando para si mesmos o que pensavam. Como uma montagem mal feita num desses programas de edição de imagens, era fácil notar que não pertenciam àquele cenário.
Vez ou outra trocavam umas poucas palavras.
Talvez tivessem funcionado melhor se tivessem permanecido bons amigos.Viviam como um casal,dormiam como um casal,mas não eram um casal. Ele nunca abriria mão de nada por ela, e isso estava claro.Há mais de quinze anos.
Ela gostava de novelas. Acreditava em finais felizes. Tinha tomado para si a missão de mudá-lo, mas dia após dia percebia que não seria capaz. As pessoas só podem mudar por si mesmas.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Teia

Pensar demais causa a desistência antes da tentativa. Pensar demais é uma defesa contra o risco. É uma tentativa de se isentar dos riscos. Quanta covardia!
A mente vai programando as ações, e as reações para supostas ações.Vai elaborando frases.Ela tem um sonho...O sonho de prever o futuro...Mas coitada! Custa a acreditar que não possui poderes especiais.
Algumas são realmente insistentes neste sonho impossível, de modo que os seus donos passam a acreditar que é possível ver com suas mentes poderosas o que ainda não aconteceu . Daí surgem as cartomantes, as mães –Diná e os leitores de búzios e borras de café.
Desistam...Esse mundo é uma teia...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Violinos!Pianos! Concerto? Não...Desgraça!

Liguei a televisão e vi uma entrevista com a mãe de Isabella Nardoni. O tema era o natal : O primeiro natal sem a menina.Eu me pergunto porque as pessoas gostam de ver esse tipo de coisa, e quem foi que criou essa pauta maldita. "Como vai ser agora o natal sem ela?" ,perguntava a jornalista. Pergunta estúpida...Não é óbvio como vai ser o natal para uma mãe que perdeu uma filha? O que esperam que ela responda? "Ahh vai ser ótimo porque esse natal vou gastar menos dinheiro com presentes"???. E então piorava " O que você daria de presente pra ela esse ano se ela estivesse aqui?".
Ao fundo a típica música triste. Uma melodia qualquer no piano para acompanhar as lágrimas. Para provocar lágrimas.
Nesse ponto desliguei a TV e fui tomar um café. Com leite.

Existe um programa que passa na TV à cabo que mostra cenas de desastres e coisa do tipo, na chamada para o programa diz-se que nós, humanos, adoramos ver esse tipo de coisa.Porque todo esse interesse na desgraça? Pra mim é óbvio que esse interesse é real, de fato muitas pessoas se interessam em ver histórias de gente que perdeu tudo enquanto ouve , ao fundo, o lamento de um violino.Se não houvesse esse interesse não seriam produzidos tantos programas do gênero. Já sabem o que dá audiência...Dificilmente apostariam em fazer algo que achassem que ninguém fosse ver.

Estados Estranhos

Ás vezes entro num estado que chamo de contemplação. Olho para o mundo como se fossem os meus últimos minutos nele. Não dura muito tempo,só alguns poucos minutos .É quase como se eu sentisse que fosse morrer, mas não é um sentimento ruim...De alguma maneira é bom.
Normalmente isso acontece no carro. Então eu olho para os pedestres. E para os lugares que vão passando, e eu ao mesmo tempo fico tão ali e tão distante dali...
A impressão que tenho é que penso em muitas coisas, todas ao mesmo tempo, de modo que não consigo saber o que estou pensando.
Outro estado estranho é esse de agora. Quase como um cansaço. É uma concentração no nada. Esse só acontece no silêncio, quando a casa já dormiu. Talvez seja um estágio que venha depois do cansaço, mas antes do sono.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Como vai você?

Dia após dia contamos sobre o nosso dia. A pergunta parece vir de uma convenção, não por algum por algum tipo de interesse sobre o que nos aconteceu.
A resposta não leva mais que algumas palavras. É um resumo. É uma resposta dada para que a pergunta não fique só.
“Bom”, “Normal”, “Estranho”. Não é aconselhável que se diga que tivemos dias ruins porque aí surgem mais perguntas(a não ser que estejamos com vontade de dizer...Mas o que garante que a outra pessoa que escutar?). Como também não é aconselhável que se diga que tudo vai mal quando alguém diz um descomprometido “ tudo bem?”.O segredo é repetir as palavras subtraindo o sinal de interrogação:

-Tudo bem?
-Tudo bem.

Sem mais perguntas. Ás vezes um tudo ótimo também provoca questionamentos: “Tudo ótimo? Por que? O que aconteceu?”

Do mesmo modo que um ótimo causa estranhamento,uma felicidade excessiva também causa. Quantas vezes já não nos fizeram a seguinte pergunta : “Por que está tão feliz?”. Ó mundo...Por que raios a felicidade deve ter sempre uma justificativa?

E eu realmente não sei porque estou dizendo isso...A felicidade excessiva me irrita. É verdade que já me irritou muito mais, mas ainda acho extremamente irritantes as pessoas que parecem não ter dias ruins.Vivem sorrindo ... Talvez isso canse porque pareça falso. Mas talvez também haja um grande esforço por detrás de tanta felicidade.

Vai saber...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ah meu cérebro...


Ás vezes tenho essa mesma impressão...Quero ir pra um lado, e meu cérebro me incentiva a ir pra outro...

sábado, 13 de dezembro de 2008

A casa da esquina

Quando criança uma das minhas diversões era fugir da vizinha louca da minha avó.Ela morava do outro lado da rua e era um tanto quanto perturbada. Dona Elvira, a quem chamávamos "Bruxa do 71",usava roupas comuns, mas às vezes colocava o soutien por cima da blusa.Quando me lembro de Dona Elvira é exatamente essa a imagem que me vem na cabeça : Cabelos grisalhos e despenteados, bulsa de linho vermelha, soutien bege por cima da blusa, saia marrom , meias 3/4...Não me lembro do rosto dela...Eu desconfio que as crianças vêem as pessoas de um jeito diferente...E a imagem de alguém que conhecemos na infância, quando tenta se formar , parece mais uma obra cubista.
Dentre as travessuras de Dona Elvira estava o gosto em nos jogar baldes d´água. "Ela é louca!", dizíamos. Íamos então reclamar com o seu marido, Seu Genésio, que provavelmente odiava quando isso acontecia...
Dona Elvira morreu e hoje o homem vive só. Quando chega essa época de natal ele enfeita a casa toda de luzinhas e enfeites que ele mesmo faz com partes de garrafa PET pintadas com tinta acrílica.Deve ser um jeito de não se sentir tão só.
Ainda outro dia fiquei sabendo que se interessa também por fotografia. Saiu fotografando a cidade e depois deixou o álbum na casa da minha vó para que víssemos.Algum crítico fotográfico chamaria de lixo, mas foi interessante ver o olhar descomprometido de alguém que só quer registrar o mundo.
Quando vejo aquela casa, toda enfeitada, toda luminosa não sei se fico triste ou feliz.Algumas pessoas repetem o que eu dizia da sua falecida esposa : "Está doido!".Tenho medo dessa solidão concreta. De estar de fato só, de ter que encher a casa vazia de luzes coloridas, para tentar dispersar a solidão.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Maria-vai-com-as-outras

O primeiro livro que me lembro de ter lido foi “Maria-vai-com-as-outras”. Dizem que os livros que lemos na infância tornam-se parte de nossa personalidade. É incrível como me lembro bem da história e incrível como em muitos momentos, ainda pequena, me lembrava da história da ovelha Maria. A Maria do título era uma ovelha que seguia sempre o que as outras ovelhas faziam. Um belo dia as ovelhas decidem comer jiló, e Maria, assim como as outras também come jiló.Ainda me lembro da gravura da ovelha querendo vomitar....Bom...depois de ter comido o jiló e ter visto todas as outras ovelhas caindo num abismo, ela percebe que não precisa fazer o que as outras fazem (Agora, mé, Maria vai para onde caminha o seu pé).
Além de ter aprendido a palavra “insolação”, que foi também a primeira palavra que procurei no dicionário,aprendi o desejo imenso de não ser uma Maria-vai-com as-outras.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Always the hours...

"You can´t find peace by avoiding life"

Será? Será que evitar a vida causa uma falsa sensação de paz? Proteger-se de tudo aquilo que pode dar errado, causa também a perda daquilo que pode dar certo...

Se tenho evitado a vida?

Sim...Sou covarde...


"Dear Leonard. To look life in the face, always, to look life in the face and to know it for what it is. At last to know it, to love it for what it is, and then, to put it away. Leonard, always the years between us, always the years. Always the love. Always the hours."

domingo, 7 de dezembro de 2008

Faxina

A mãe arrumava o quarto da filha. Tirava o pó, dava brilho nos móveis, limpava o vidro da janela, varria o chão. Nas prateleiras em frente à cama estavam vários porta-retratos, com fotos de outros tempos. Fotos são sempre de outros tempos, qualquer foto é um registro de um presente que já passou. Passado. Nas fotos estavam os sorrisos,muitos sorrisos.Só em duas ou três é que os rostos estavam menos sorridentes, talvez porque foram fotografias feitas sem aviso prévio. Aquelas sim eram um registro do que estava acontecendo, diferente das outras, em que o que quer que estivesse acontecendo antes da foto tinha sido interrompido.
Ao lado dos porta-retratos estavam os livros.Todos tinham as páginas amareladas. Tinham sido dados pela avó da menina.
A mãe pousou os olhos nos livros, e então olhou para as fotografias.Lágrimas.Queria poder voltar àqueles momentos.
Olhou para a filha, deitada na cama.Sabia que mesmo que gritasse muito ela não acordaria e daria um daqueles sorrisos das fotografias.Ela estava longe. Estava em coma.

Teoria Nº 2

Teoria Nº 2 – O mundo não vai mudar enquanto as pessoas jogarem lixo no chão.

Existe coisa mais fácil de entender do que a frase “jogue o lixo no lixo”?Uma frase tão bem estruturada, tão direta, tão objetiva! Mais que uma frase, jogar o lixo no lixo é um princípio!
É um entendimento de que um papel de bala pode não ser muita coisa, mais muitos papéis juntos são um desastre... Mas antes disso, é uma demonstração de educação (e higiene).
Depois , é claro, vem a consciência. Consciência de que cada um deve fazer a sua parte independente dos outros. Já cansei de ver gente dizendo “ahh, um monte de gente faz a coisa errada, porque eu vou fazer a coisa certa?”
Porque conseguir que todos façam a coisa certa depende de cada um de nós! Somos o todo. Somos os outros.
Se formos esperar o resto do mundo mudar...Aí que ele não muda nunca.
Se ainda tem gente que não é capaz nem de jogar o lixo no lixo, como é possível que o mundo se transforme num lugar melhor?
Não é possível...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

( )

O silêncio era apenas quebrado pelo motor dos carros e pelo latido dos cães.Fora isso era silêncio. Muitos silêncios são a ausência de palavras, mas existem aqueles que são o excesso delas. Têm-se tanto a dizer que não se diz nada. Todas as palavras querendo sair ao mesmo tempo, e nenhuma é gentil o suficiente para dar lugar à outra...Então ficam todas ali, naquela luta que acaba no silêncio.

Quantas palavras cabem em um silêncio?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Tango

Foi num teatro não muito longe daqui. Estacionamos o carro na rua e então nos deparamos com a nova empresa dos flanelinhas : Organizados, com os usuais coletes cor de laranja, eles agora dão a nota e cobram cinco reais!
Fileira G, cadeira 14, lá estava eu esperando pra ver o tango. Antes do tango teria a abertura do evento, depois um pequeno discurso do subprefeito, balé, sapateado, dança do ventre. Depois do tango teria mais sapateado, uma contadora de histórias e a apresentação de uma orquestra sinfônica.
No balé, via-se o esforço das crianças. Seu cabelos cuidadosamente arranjados em coques. As fantasias coloridas.O esforço em buscar uma sincronia. Umas mais sorridentes , outras nem tanto.
Os pais e amigos, orgulhosos com suas câmeras de última geração registrando tudo para ver mais tarde.
De todas as apresentações a surpresa maior foi o sapateado : Senhoras. Senhoras de sessenta, setenta, oitenta e por que não noventa anos ( algumas tinham as as cabeças cobertas de cabelos brancos) sapateando em suas roupas brilhantes. Sorrindo. Divertindo-se.
Mais do que sapatearem para nós, da platéia, elas sapateavam por si mesmas.
Imagino o orgulho da professora. Das professoras, porque as apresentações de tango e de flamenco também tinham a maioria de dançarinos composta daqueles que já passaram dos cinquenta. E foram os mais aplaudidos!
Meus aplausos foram pra todos eles, em especial para os professores, que me causaram tamanha admiração por um trabalho tão bonito.
E no fim, veio a música. Senti vontade de tocar piano, e todos os instrumentos de corda. As pessoas não se animaram tanto quanto eu, a senhora que até agora não sei o nome quis ir embora, disse que estava chato.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Teoria Nº 1

Pego a tesoura prata e corto a fita vermelha. Está inaugurado o espaço das teorias!

Teoria Nº 1 - Todas (ou a maioria) das faixas 4 dos Cds são boas. Em muitos casos são também as músicas mais conhecidas do Cd. Talvez elas até tenham um videoclipe, ou toquem no rádio, mas isso não as impede de serem músicas boas.

Já venho reparando nisso há algum tempo...E claro, essa teoria é baseada nos Cds que eu tenho, mas como eles são de artista e tipos de música "variados", acho que posso chamar isso de teoria.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Engano...

Primeiro dia de férias...O que foi que eu fiz? Dei um tiro na rotina (dessa vez com bala de borracha, só pra ela manter certa distância por um tempo) . Depois de almoçar e convesar com a minha pessoa, decidi ir até a locadora.
Comecei pelas prateleiras dos filmes de “drama”, mas nada chamou muito a minha atenção, talvez um filme de drama não fosse o melhor para “comemorar” a chegada do ócio. Passei para a prateleira dos “lançamentos”, e de novo, nada que fizesse meus olhos saltarem...Tudo bem, tudo bem eu sou brasileira e não desisto nunca. Cheguei na prateleira (que na verdade, agora que pensei nela , parece mais uma estante) com a etiqueta “ aventura”...Nada...denovo...Pensei em alugar Kill Bill, mas a capa amarela não me atraiu. Me virei e dei de cara com a prateleira do “ suspense”, “agora sim..” pensei, e não achei um único título que chamasse a minha atenção, comecei a pensar que talvez o problema fosse eu, e decidida, subi as escadas e resolvi que não sairia daquela locadora até encontrar algo que me desse vontade de ver.
Lá em cima, no mezanino, ficam os filmes mais antigos (mas nem tão antigos assim...desconfio que são os filmes que já não são mais lançamentos, e nem são muito procurados).
Foi na segunda prateleira que olhei, que estava com a etiqueta do “suspense” que alguma coisa me chamou atenção. Dália Negra.
Eu estava com vontade ver esse filme desde de antes do seu lançamento nos cinemas, quando eu via os outdoors enquanto voltava pra casa. Foi lançado no cinema, e eu não fui ver, depois chegou na tv a cabo e eu também não vi... E então estava decidido, era hoje que eu ia finalmente ver!
Quando estava na fila, olhei para a direita e vi um cartaz de um outro filme que me chamou atenção, até pensei em trocar, mas desisti...Já que eu queria ver o filme há tanto tempo, porque desistir dele agora que estava nas minhas mãos?
Cheguei em casa, liguei o dvd, coloquei o dvd lá dentro, vi uns dois traillers, selecionei o áudio e as legendas e pronto! Ia começar...
O filme que eu espera ver era um filme de época, portanto achei estranho ver uma cena que se passa nos dias atuais, e ainda mais, filmada com uma câmera de vídeo! A minha esperança e a minha paciência me disseram que talvez fosse um começo diferente, e que em algum momento a história iria lá pra década de 40 e então ia começar o filme de verdade.
Não começou! E o que se sucedeu , junto com o meu tédio em ver aquele lixo, foi o roteiro pobríssimo, a fotografia completamente falsa, sempre os mesmos ângulos de câmera e sempre a mesma coisa acontecendo. Policiais sem uniforme, pessoas que nunca mudam de roupa, atuação horrível e uma ótima dose de nonsense,e ah! Tá mais pra trash do que pra suspense.... Fora os efeitos que foram colocados na edição...
Achei um novo ocupante para o posto de “Pior filme que eu vi até agora”.
Mas peraí... Dália Negra não foi aquele que recebeu indição ao oscar e tudo mais?
Bom esse era o filme que eu esperava ver...O filme que eu vi tem esse título, mas não é esse. É um outro filme dirigido e escrito por Ulli Lommel, que usou o mesmo nome, e lançou no mesmo ano do lançamento do filme dirigido por Brian DePalma.
Outra coisa a notar é que as atrizes são parecidas...Bom...Se colocar uma do lado da outra, a semelhança não é assim tão gritante, mas uma lembra a outra.... Francamente Sr. Ulli...Tremendo fanfarrão...
Antes eu tivesse trocado o “Dália Negra” (que deveria se chamar “matinho cor de burro-quando-foge")por aquele outro filme do cartaz....Tudo bem...Mea culpa... Ah se eu fosse mais atenta...

sábado, 29 de novembro de 2008

Veiveá

No ponto alto do tédio , eis que Fulana vê um ser translúcido. A sua primeira reação é absolutamente involuntária. Os pêlos do corpo arrepiam-se, os olhos arrelagam-se e às mãos vão à boca, abafando assim o grito, que começou no dedo mindinho do pé esquerdo e acabou ficando preso no pescoço. Não podemos esquecer do coração...Esse enlouqueceu...Parecia querer saltar para fora, fugir da situação.
Depois de uns segundos de confusão, o cérebro pareceu querer mostrar serviço, e decidiu fazer com que Fulana falasse com o ser...Mas ele foi mais rápido:

- É aqui a vida?

Sem saber muito bem o que responder, ela disse:

-Bem...Acredito estar viva...
-Bom...Então estou no lugar certo...Sabe...As pessoas vivas normalmente acreditam estarem vivas, agoras as mortas...Não se conformam que a vida já passou por elas...
-E os mortos-vivos?
-Xiiii...Estes não sabem de nada...Não sabem nem que são alguma coisa...Mas em todo caso...É melhor ser um morto-vivo do que um vivo-morto, não acha?
-Acho as duas situações igualmente ruins...Mas me diga uma coisa : Como um morto igual a você conseguiu chegar até aqui?
-Eu também não sei...Recebi uma carta dizendo que estavam me chamando à vida...Acho que isso acontece quando alguém se lembra de nós...

Silêncio.De translúcido ele vai ficando transparente aos poucos, até que pouco antes de desaparecer diz:

- Pelo jeito pararam...Até mais ver...

E sumiu.

Agora Fulana tinha um novo pensamento na cabeça, tão óbvio que sentia certa vergonha...Estava viva!De repente parece ter tomado consciência de si...Estava viva!Um sorriso empurrou as bochechas para os lados do rosto enquanto pensava : "Estou viva".

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

42 e nonsense

Outro dia achei um site ,por acaso, onde as pessoas podiam postar perguntas que elas tinham , pra que alguém as respondesse. Tinha gente que perguntava coisas simples como " o que eu faço pra limpar manchas de vinho do sofá" e "o que é hipérbole", mas outras perguntavam questões metafísicas...achei divertido...Umas dessas perguntas era : " Qual é o sentido da vida?", a respostas que alguém deu foi "segunda à direita". Excelente resposta!É a mesma coisa daquele livro " O Guia do Mochileiro das Galáxias": querendo saber a resposta para " a vida , o universo e tudo mais", constrói-se um computador que seria capaz de solucionar tal mistério. Após computar e computar(sete milhões e meio de anos trabalhando!), chega a uma resposta, a resposta tão esperada. 42. Ele diz que a resposta para a vida , o universo e tudo mais é 42, e garante que a resposta está certa :

"Eu chequei a resposta repetidadmente, é 42″ disse o computador. “E esta é definitivamente a resposta. Acredito que o problema, para ser honesto, talvez seja que você nunca soube na realidade sobre o que se trata a pergunta.”

4+2 = 6, e 6 é o número de cordas de dois dos meus melhores amigos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pelas grades da janela

O céu se vestiu de cinza e decidiu que assim ficaria, até que a lua chegasse.Ela tinha prometido aparecer, mas não era certeza...Bom era quando ela aparecia sem avisar.

Cinza era a sua melhor roupa, ainda que se pensasse que ele gostava mais da azul.

Tinha dias em que se sujava , e ficava cinza –escuro. Nestes dias chorava . Chorava por todos embaixo dele que não podiam chorar...Tomava as dores de todos, e chorava tudo de uma só vez.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Café

Enquanto esperava pelo café ia olhando as pessoas ao seu redor. O local não estava cheio, também o horário não ajudava; àquela hora, três da tarde, a maioria das pessoas estava no trabalho. Trabalho. A palavra trouxe de volta todo o constrangimento da auto-demissão.E então começou a entender o que havia acabado de se passar. Estava em sua mesa , trabalhando num desses relatórios de fim de mês quando chegou seu chefe, com aquela cara de quem comeu e não gostou.Típica. Tão típica que já nem lhe incomodava mais.

-Ta pronto o relatório?
-Não, senhor. O senhor pediu que eu fizesse algumas alterações, então estou trabalhando nelas.
-Trabalhando nelas...Eu só te pedi pra mudar duas ou três coisinhas.
-Tenho certeza que foram mais do que duas ou três, senhor.
-Bom....Te pedi isso já faz meia hora....E meia hora é tempo suficiente!
-Tempo suficiente pra que? Pro senhor abrir os seus e-mails pessoais e voltar pra me encher a paciência? Dá pra ouvir a música daqui!Aposto o salário de merda que o senhor me paga como fica todo sentimental vendo fotos de lindas paisagens e mensagens com uma dessas lições de moral baratas. E enquanto o senhor lê piadas e vê vídeos, nós nos matamos de trabalhar pra ganhar uma miséria no fim do mês. Quer saber? Faça o senhor mesmo essa porcaria!

E assim tinha se demitido. Pegou suas coisas e foi para o Café do outro lado da avenida. Com a cabeça mais fria agora, tinha percebido como o “salário de merda” faria diferença. Mas agora já não importava, só o fato de não precisar ver a cara do chefe todos os dias já era um alívio.
O garçom depositou gentilmente a xícara de café em cima do balcão. O aroma pareceu acalmar suas idéias. Decidiu tirar o fim da tarde para si (não que tivesse muita opção). Esse foi o único plano que fez. Talvez fizesse mais alguns... Mas só quando não restasse nenhuma gota de café na xícara.

domingo, 23 de novembro de 2008

hein?

Aqui tudo é tão fácil...Pode-se escrever o que quiser, alterar as configurações, o layout, editar o que já foi dito...
Quem me dera alterar as minhas configurações e o meu layout!Ter a liberdade de sempre fazer o que eu quiser, a liberdade do existencialismo...
Não é possível viver cada dia como se fosse o último, porque ainda que não exista o amanhã, existe sempre a ameaça do amanhã...Uma certeza de que haverá amanhã...

sábado, 22 de novembro de 2008

Roda- gigante quebrada

Uma nota distorcida e constante. Um piano de uma só tecla. Uma nuvem que não passa e nem chove. Os tijolos perfeitos de uma parede.As mesmas notícias de ontem.A piada contada pela terceira vez.22:22.Os anos passando como se fossem semanas.A fala decorada.Planície.Gira-gira.Segurar um espelho em frente ao outro.Oi.Oi.Oi.O condicionamento dos passos. O mesmo caminho.ohnimac omsem O.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cadê?

Não é possível que eu consiga perder tanta coisa! Desconfio que os objetos que perdi sejam enfeitiçados, eles vão diminuindo...diminuindo...diminuindo... até sumir... Ou quem sabe não são os duendes que os escondem só pra rirem da minha cara enquanto estão invisíveis. Eu posso ouvir, nesse exato momento o menor duende, aquele que é motivo de chacota pra todos os outros duendes grandões e valentões, dando risadinhas histéricas da minha cara...Maldito projetinho de ser elementar!
Olho em embaixo do tapete e ele ri, procuro nas gavetas e o riso aumenta. Como naquela brincadeira do " Ta quente, Ta frio" ele me dá dicas, mas quando estou perto de encontrar ele me faz pensar que não está ali, e quando estou longe, ele cria memórias na minha cabeça e acabo lembrando de ter guardado em algum lugar que eu não guardei, e então vem a esperança, tão verde quanto esse ser perverso! E eu estou perto, e a esperança ganha um tom ainda mais verde, " Vou achar!Vou achar! Eu me lembro de ter guardado aqui! Vou achar". E mais uma vez ele ri como se alguém não parasse de lhe fazer cócegas...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Farol Vermelho

O cão da coleira amarela acompanhava a moça. Ela, com todas as suas bolsas, mal notava o animal. Ele parecia feliz, tinha encontrado companhia para atravessar a rua, cães são espertos... Sempre esperam alguém para não atravessarem sozinhos, perdidos entre carros e pernas.
O cão a olhava como se agradecesse a sua presença e ajuda naquela jornada listrada de alguns metros, mas como era indiferente a moça! Ele não se importava, continuava ao seu lado, agradecido.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Passagens secretas e casas na árvore

Sempre desconfiei que existissem passagens secretas na minha antiga casa. E existia uma. No banheiro do segundo andar existia uma passagem que levava a um pequeno sótão, onde só fui duas vezes ajudar meu pai a consertar a antena da TV. Mesmo sendo absolutamente escuro , era possível sentir a grossa camada de poeira sobre as tralhas. Sim as tralhas...Porque aquilo que não tinha serventia, porém por algum motivo não podia ser jogado fora, ia para o sótão.
Certa vez pedi à minha mãe para limpar aquele lugar, eu queria ir mais vezes lá em cima, perto do telhado, quem sabe até me “mudar” para lá.Já pensou um quarto lá em cima? Um quarto secreto? Uma casa na árvore dentro de casa! Porque casas na árvore também sempre me fascinaram. Nos filmes americanos que eu assistia na infância, lá estava a casa na árvore como um refúgio para os pequenos. Um refúgio do mundo dos aldultos. E eu sempre quis uma casa na árvore, ainda que não tivesse nem a árvore para construí-lá.
Não me mudei para o sótão. Hoje vejo o quão estranho isso seria, já que ele ficava exatamente em cima do banheiro.
Não sei como nunca me passou pela cabeça que algum monstro morasse lá. Hoje, provavelmente eu teria medo, não do monstro, mas de alguém tentar entrar na casa pelo telhado. Na rua em que morávamos, a nossa casa foi uma das poucas que não foi assaltada.Ainda bem!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Enquanto eu esperava o tempo passar...

Silêncio. Nenhuma alma viva andando pelos corredores. Salas vazias, portas fechadas e luzes apagadas. Um perfeito cenário para um filme de terror de história fraca e umas poças de sangue pelo chão; ou, quem sabe, para um drama : a solidão de um funcionário invisível.
No escuro vazio da sala perto da escada acontece a festa de aniversário de alguém que já morreu há muito tempo. O som dos instrumentos quebrados enche o ambiente de uma música ,que ao mesmo tempo é alegre e triste, numa frequência que a vida não é capaz de ouvir. Os fantasmas riem da época em que eram vivos e queriam tudo quanto pudessem querer, riem de nós, das nossas tolices, de nossos desejos mais egoístas. Alguns dançam, sem se importarem com o resto do mundo : são invisíveis aos nossos olhos e deixaram na vida todo o constrangimento que lhes impedia de serem livres. Não se importam mais com o mundo porque dele já não fazem parte.
A um canto dois fantasmas conversam sobre o que mais gostavam em vida. "Abraçar alguém que não via há muito tempo", diz o primeiro, e o segundo sorri, quase como se fosse tomado pela lembrança. Diz que o que mais gostava era do cheiro dos lençóis recém- lavados.
No canto oposto as crianças brincam, divertem-se com suas próprias brincadeiras de fanstasma.
Quase na hora do parabéns ouvem-se passos, e a festa termina, porque o mundo de cá não se mistura com o mundo de lá.
Um rosto desconfiado olha pelo vidro da porta, dá de cara com o escuro. A pouca luz permite ver que aparentemente não há ninguém ali, "Nem poderia", pensa ao girar a maçaneta. A porta estava trancada.

domingo, 9 de novembro de 2008

Vago

O frio chega, então visto a parte de cima do pijama xadrez, de flanela. Tédio.Venho então para este quarto, sento-me nesta cadeira e procuro algum assunto sobre o qual escrever. Vejo várias possibilidades, mas nenhuma me chama atenção.Lembro-me da música que ouvi na sexta-feira a caminho da faculdade “ Domingo eu quero ver, o domingo passar/ Domingo eu quero ver, o domingo acabar”, e não sei se quero que acabe, porque depois dos domingos, geralmente, vem uma segunda-feira. E que dia odiado! Não por ser segunda-feira, poderia ser terça ou quarta, mas por ser o primeiro dia, o dia do recomeço, o dia em que somos obrigados a voltar para as nossas rotinas, não que o domingo fuja muito das rotinas de domingo.
Mas não, não vou escrever sobre o domingo. Nem sobre qualquer outro dia da semana.
Uso na mão direita o anel dado por uma hippie, que queria ir para o litoral. Dado não, vendido. E pelo preço que eu quisesse pagar. Tirei do bolso todas as moedas que tinha. Será que conseguiu chegar ao litoral? E se chegou, deve estar fazendo mais anéis pra ir pra outro lugar. Disse-me que tinha feito a estrela, pra que....não me lembro, algo ligado a destino , ou sei lá...E tinha feito um olho...Um olho pra conseguir ver o caminho certo...Talvez...
Eu já disse uma vez que “se nada der certo, viro hippie”, e será que viro mesmo? E como seria se desse certo? O que deveria dar certo? Não faço idéia... Mas se tudo der errado, provavelmente vou saber.
Penso no dia em que não nos lembraremos mais uns dos outros. E no dia em que desejarei voltar para agora. Penso que queria ter cinco anos. Quem me dera ter cinco anos...O triste é que se eu tivesse cinco anos, ia estar desejando ter vinte, para ser grande. Tenho pensado no futuro. Tenho medo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

2103

...Procurou pelo guia, mas não encontrou e pensou que talvez tivesse deixado no banco da rodoviária e a essa hora já devia estar em outras mãos, mãos de alguém que também precisava de mapas e listas. Ou mãos de alguém que, não havia passado tão distraído por ali, como fazia todos os dias. Tinha feito alguém se sentir com sorte.


Sorte...que coisa estranha é a sorte...se é que existe...Será que sempre que alguém tem sorte, um outro alguém tem azar? Porque ,obviamente, quando se acha alguma coisa por aí, é certo que alguém perdeu. Sorte é quando acontece algo, que levando em consideração as condições, probabilidades e a elasticidade do rabo da lagartixa, não deveria acontecer.

Agora cabe uma definição de um dicionário :

“sorte

do Lat. sorte
s. f.,
destino;
fado;
dita, fortuna, ventura;
acaso;
risco;
quinhão que tocou em partilha;
sorteio militar;
bilhete ou esferazinha nas rifas ou lotarias;”


Curioso...É destino...E acaso....

domingo, 26 de outubro de 2008

pois é...

Eu tinha o carro, a chave nas mãos, uma música legal tocando no rádio e vontade de sumir.Considerei a possibilidade. Sair dali, fugir, sentir o coração batendo acelerado, e uma sensação de liberdade, de ser dona dos meus atos, viver toda a inconsequência de uma época que já passou. Imaginei eles chegando e se dando conta de que o carro não estava mais ali. Provavelmente, muito provavelmente pensariam que tivesse sido roubado...Mas não por mim...Não..."Ela nunca faria uma coisa dessas"...
E não fiz. O meu senso de responsabilidade, ou seja o lá o nome que se dê a isso, não deixou. Ele me prendeu no banco traseiro onde eu estava , e fiquei ali, ouvindo a música. Depois o lugar me trouxe lembranças de outros tempos, quando eu não possuía essa pequena parte da decisão sobre o futuro da cidade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

A Rotina cansa porque torna tudo previsível.A vida e o relógio se sincronizam e sem perceber ou pensar sobre o assunto nos tornamos escravos dos ponteiros. Todos os dias vejo as mesmas pessoas pela rua, seguindo em suas vidas enquanto eu sigo na minha. Já viraram até personagens...Como as personagens do Saramago que não tem nome nem passado, "o velho dos paezinhos", "o cara da camiseta do system of a down", " a mulher que espera o ônibus dormindo ", "o cara que parece uma miniatura do eddie murphy" e mais alguns outros. Eles se tornaram inclusive referência de horário pra mim ( já que eu não uso relógio), pela parte do caminho em que os vejo ( ou os deixo de ver) percebo o quão atrasada estou. Digo "oi" mentalmente quando encontro essas conhecidas pessoas desconhecidas, e penso...Será que sou uma personagem da rotina de alguém?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uma Segunda travestida de Sexta (uuuui!)

De que me importa o que eu deveria ser, ou o que eu deveria fazer?
De que me importa o que eu deveria ter feito?
De que me importam esses olhos "with lasers" que eu não conheço?

Pro inferno com tudo isso!

sábado, 18 de outubro de 2008

Sr. Gênio da Lâmpada,

Eu queria ver o mar. Ter um carro, litros e litros de combustível, pegar uns cds , dirigir por uma estrada vazia enquanto ouço, no último volume, a minha música favorita. Já não me lembro a última vez que vi o mar.Provavelmente o veria com olhos diferentes, não tenho os mesmos olhos que olharam para o mar da última vez.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Do not trust her

A memória não é confiável, ela distorce os fatos e os romantiza também. Basta que se veja as pessoas falando do passado, tudo era mais legal “naquele tempo”*. Talvez seja mais fácil embelezar aquilo que já passou do que ver alguma beleza nisto que está passando agora. Talvez porque não é lá muito fácil analisar coisas em movimento. As memórias mudam com o tempo, e às vezes de tanto se lembrar de uma coisa, corre-se o risco de esquecer dela. Sim , parece estranho, mas acho perfeitamente possível. Apegar-se mais a idéia do que à sua correspondência no “mundo real”.

Às vezes chego ao absurdo de não saber se alguma coisa realmente aconteceu ou se não passa de uma memória inventada.

Algumas pessoas preferem trabalhar incessantemente na produção de futuras lembranças do que se inserir no presente. Refiro-me às pessoas que se importam mais em tirar fotos do que participar de fato do que quer que esteja ocorrendo. Elas deixam de viver uma situação para revivê-la depois, quando ela já fizer parte do passado. Vai ver é a consciência de que aquilo tudo uma hora vai acabar, então a meta passa a ser ter o maior número de coisas possíveis pra se lembrar.(rimou, yo! ....se nada der certo viro rapper rs)


* estou entre essas pessoas

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

tic tac tic tac...o tempo não pára...

É...o tempo não pára, mas às vezes parece que eu parei nele. Como se depois de dormir muito eu acordasse com aquela sensação de não saber onde estou, e de não me lembrar onde estive. Às vezes sinto que passei anos dormindo, mas mesmo quando sinto isso ainda estou, de certa forma, dormindo. Percebo as mudanças, vejo as mudanças ao meu redor e elas me dizem que ele passou, que está passando, e que nunca pára.
Há uma voz que me acorda às vezes, ou passa perto disso. É minha própria voz, quando responde a clássica “Quantos anos você tem?”. Ela responde firme: “Vinte!”, e aí começo a ouvir as reflexões da voz não audível que se espanta com a resposta. E o seu espanto abre as gavetas em que guardei as coisas todas do passado, e então pego a pasta intitulada “previsões”. Em uma das abas vejo tudo aquilo que achei que fosse ser quando era criança e na outra vejo um espelho. Não sou nada do achei que fosse ser.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A passageira e o motorista - Parte I ( ou única)

Caiu. Perdeu o equilíbrio e caiu no chão enquanto atravessava a rua. Por algum motivo não conseguiu se levantar e ficou ali, olhando para as rodas dos carros e para a mal pintada faixa de pedestres. Naquele momento achou que fosse morrer, sentiu o fino tecido das vestes da morte roçar o seu rosto.
Não viu a sua vida passar diante dos olhos como dizem que acontece quando alguém está quase entrando pela porta do além. Pensou em quantos segundos teria, porque sim, ainda naquela condição absurda, pensava.Era o seu vício.
Tinha o costume de calcular todas as probabilidades de futuros acontecimentos, e deste modo tinha vivido uma vida segura. Não correra riscos, evitava-os como o sol evita aparecer em dias chuvosos.
Alguém correu para ajudá-la. Era o dono do carro que estava parado à sua frente.
-Ei moça!tudo bem? Machucou aí?
Ela o olhou nos olhos, mas não disse nada. Pensou no quão gentil o motorista estava sendo com ela. Ele poderia tê-la xingado , ou apenas buzinado do conforto do seu carro. Mas não, estava ali, abaixado ao seu lado e parecia preocupado.
Vendo que a moça não dizia nada, o motorista decidiu levá-la a um hospital, pensando que ela talvez estivesse num estado pós-traumático.
Com muito cuidado levantou-a do chão e a ajudou a sentar-se no banco do passageiro. Ela não questionou, estava tão imersa em seus pensamentos que não tinha muita consciência do que era certo ou errado fazer, por isso deixou-se levar.

Durante o caminho ouvia o homem lhe fazer perguntas, mas não as respondia. A voz dele era como um eco distante.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

1 minuto

Fiquei em silêncio ouvindo o barulho que o ponteiro dos segundos faz ao aunciar um segundo a menos.
Ouvi os carros lá em baixo e o latido de um cachorro.
Buzinas e o som das teclas.
Ouvi meus próprios pensamentos e o som da minha própria respiração.
Eu estava em silêncio.
O mundo não.

domingo, 5 de outubro de 2008

Uma história qualquer

Num domingo comum, como outro qualquer, um ser comum como outro qualquer acorda e come um pão qualquer comprado numa padaria qualquer que um padeiro qualquer fez de qualquer jeito.
O ser qualquer sai então à uma rua qualquer e diz um oi a outro ser qualquer.E eles sequer se conhecem.
Anda por qualquer caminho, saboreando o trajeto, mesmo sendo este, um trajeto qualquer.
Continua dizendo oi a qualquer pessoa que vê pelo caminho,sorrindo de qualquer jeito, do jeito que der.
Entra num bar qualquer, pede uma bebida qualquer, senta em qualquer mesa e puxa conversa com o ocupante da mesa ao lado.
Volta pra casa e assiste qualquer canal. Eis que um pensamento passa pela sua cabeça, voando com a graça de uma borboleta: " O qualquer cansa".

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Se os políticos já começam a errar pela campanha, emporcalhando as ruas com a distribuição de "santinhos", imaginem o quão emporcalhados serão os seus mandatos...

sábado, 4 de outubro de 2008

Inauguração do blog! Não, não vai ter festa, e também não vai ter bolo!

Hoje todas as idéias fugiram. Justo hoje, na inauguração...Isso é coisa da minha fiel companheira Lady Murphy ( Sim, estou copiando o comercial que passava na TV há uns meses ). Ela aparece toda hora pra me dizer um oi e nem me pergunta se eu gostaria de tomar uma xícara de café.
A Lady Murphy deve ser esposa do Sr. Zica, e ambos tem gostado bastante de me fazer visitas quando a única coisa da qual eu não preciso é de um casal sorridente que bate à minha porta, invade a minha casa e ainda quer pôr defeito nas minhas coisas, além, é claro, de não ter nenhuma noção da hora de ir embora, por mais que eu encene bocejos e diga que amanhã eu devo acordar cedo.