quinta-feira, 30 de outubro de 2008

2103

...Procurou pelo guia, mas não encontrou e pensou que talvez tivesse deixado no banco da rodoviária e a essa hora já devia estar em outras mãos, mãos de alguém que também precisava de mapas e listas. Ou mãos de alguém que, não havia passado tão distraído por ali, como fazia todos os dias. Tinha feito alguém se sentir com sorte.


Sorte...que coisa estranha é a sorte...se é que existe...Será que sempre que alguém tem sorte, um outro alguém tem azar? Porque ,obviamente, quando se acha alguma coisa por aí, é certo que alguém perdeu. Sorte é quando acontece algo, que levando em consideração as condições, probabilidades e a elasticidade do rabo da lagartixa, não deveria acontecer.

Agora cabe uma definição de um dicionário :

“sorte

do Lat. sorte
s. f.,
destino;
fado;
dita, fortuna, ventura;
acaso;
risco;
quinhão que tocou em partilha;
sorteio militar;
bilhete ou esferazinha nas rifas ou lotarias;”


Curioso...É destino...E acaso....

domingo, 26 de outubro de 2008

pois é...

Eu tinha o carro, a chave nas mãos, uma música legal tocando no rádio e vontade de sumir.Considerei a possibilidade. Sair dali, fugir, sentir o coração batendo acelerado, e uma sensação de liberdade, de ser dona dos meus atos, viver toda a inconsequência de uma época que já passou. Imaginei eles chegando e se dando conta de que o carro não estava mais ali. Provavelmente, muito provavelmente pensariam que tivesse sido roubado...Mas não por mim...Não..."Ela nunca faria uma coisa dessas"...
E não fiz. O meu senso de responsabilidade, ou seja o lá o nome que se dê a isso, não deixou. Ele me prendeu no banco traseiro onde eu estava , e fiquei ali, ouvindo a música. Depois o lugar me trouxe lembranças de outros tempos, quando eu não possuía essa pequena parte da decisão sobre o futuro da cidade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

A Rotina cansa porque torna tudo previsível.A vida e o relógio se sincronizam e sem perceber ou pensar sobre o assunto nos tornamos escravos dos ponteiros. Todos os dias vejo as mesmas pessoas pela rua, seguindo em suas vidas enquanto eu sigo na minha. Já viraram até personagens...Como as personagens do Saramago que não tem nome nem passado, "o velho dos paezinhos", "o cara da camiseta do system of a down", " a mulher que espera o ônibus dormindo ", "o cara que parece uma miniatura do eddie murphy" e mais alguns outros. Eles se tornaram inclusive referência de horário pra mim ( já que eu não uso relógio), pela parte do caminho em que os vejo ( ou os deixo de ver) percebo o quão atrasada estou. Digo "oi" mentalmente quando encontro essas conhecidas pessoas desconhecidas, e penso...Será que sou uma personagem da rotina de alguém?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uma Segunda travestida de Sexta (uuuui!)

De que me importa o que eu deveria ser, ou o que eu deveria fazer?
De que me importa o que eu deveria ter feito?
De que me importam esses olhos "with lasers" que eu não conheço?

Pro inferno com tudo isso!

sábado, 18 de outubro de 2008

Sr. Gênio da Lâmpada,

Eu queria ver o mar. Ter um carro, litros e litros de combustível, pegar uns cds , dirigir por uma estrada vazia enquanto ouço, no último volume, a minha música favorita. Já não me lembro a última vez que vi o mar.Provavelmente o veria com olhos diferentes, não tenho os mesmos olhos que olharam para o mar da última vez.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Do not trust her

A memória não é confiável, ela distorce os fatos e os romantiza também. Basta que se veja as pessoas falando do passado, tudo era mais legal “naquele tempo”*. Talvez seja mais fácil embelezar aquilo que já passou do que ver alguma beleza nisto que está passando agora. Talvez porque não é lá muito fácil analisar coisas em movimento. As memórias mudam com o tempo, e às vezes de tanto se lembrar de uma coisa, corre-se o risco de esquecer dela. Sim , parece estranho, mas acho perfeitamente possível. Apegar-se mais a idéia do que à sua correspondência no “mundo real”.

Às vezes chego ao absurdo de não saber se alguma coisa realmente aconteceu ou se não passa de uma memória inventada.

Algumas pessoas preferem trabalhar incessantemente na produção de futuras lembranças do que se inserir no presente. Refiro-me às pessoas que se importam mais em tirar fotos do que participar de fato do que quer que esteja ocorrendo. Elas deixam de viver uma situação para revivê-la depois, quando ela já fizer parte do passado. Vai ver é a consciência de que aquilo tudo uma hora vai acabar, então a meta passa a ser ter o maior número de coisas possíveis pra se lembrar.(rimou, yo! ....se nada der certo viro rapper rs)


* estou entre essas pessoas

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

tic tac tic tac...o tempo não pára...

É...o tempo não pára, mas às vezes parece que eu parei nele. Como se depois de dormir muito eu acordasse com aquela sensação de não saber onde estou, e de não me lembrar onde estive. Às vezes sinto que passei anos dormindo, mas mesmo quando sinto isso ainda estou, de certa forma, dormindo. Percebo as mudanças, vejo as mudanças ao meu redor e elas me dizem que ele passou, que está passando, e que nunca pára.
Há uma voz que me acorda às vezes, ou passa perto disso. É minha própria voz, quando responde a clássica “Quantos anos você tem?”. Ela responde firme: “Vinte!”, e aí começo a ouvir as reflexões da voz não audível que se espanta com a resposta. E o seu espanto abre as gavetas em que guardei as coisas todas do passado, e então pego a pasta intitulada “previsões”. Em uma das abas vejo tudo aquilo que achei que fosse ser quando era criança e na outra vejo um espelho. Não sou nada do achei que fosse ser.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A passageira e o motorista - Parte I ( ou única)

Caiu. Perdeu o equilíbrio e caiu no chão enquanto atravessava a rua. Por algum motivo não conseguiu se levantar e ficou ali, olhando para as rodas dos carros e para a mal pintada faixa de pedestres. Naquele momento achou que fosse morrer, sentiu o fino tecido das vestes da morte roçar o seu rosto.
Não viu a sua vida passar diante dos olhos como dizem que acontece quando alguém está quase entrando pela porta do além. Pensou em quantos segundos teria, porque sim, ainda naquela condição absurda, pensava.Era o seu vício.
Tinha o costume de calcular todas as probabilidades de futuros acontecimentos, e deste modo tinha vivido uma vida segura. Não correra riscos, evitava-os como o sol evita aparecer em dias chuvosos.
Alguém correu para ajudá-la. Era o dono do carro que estava parado à sua frente.
-Ei moça!tudo bem? Machucou aí?
Ela o olhou nos olhos, mas não disse nada. Pensou no quão gentil o motorista estava sendo com ela. Ele poderia tê-la xingado , ou apenas buzinado do conforto do seu carro. Mas não, estava ali, abaixado ao seu lado e parecia preocupado.
Vendo que a moça não dizia nada, o motorista decidiu levá-la a um hospital, pensando que ela talvez estivesse num estado pós-traumático.
Com muito cuidado levantou-a do chão e a ajudou a sentar-se no banco do passageiro. Ela não questionou, estava tão imersa em seus pensamentos que não tinha muita consciência do que era certo ou errado fazer, por isso deixou-se levar.

Durante o caminho ouvia o homem lhe fazer perguntas, mas não as respondia. A voz dele era como um eco distante.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

1 minuto

Fiquei em silêncio ouvindo o barulho que o ponteiro dos segundos faz ao aunciar um segundo a menos.
Ouvi os carros lá em baixo e o latido de um cachorro.
Buzinas e o som das teclas.
Ouvi meus próprios pensamentos e o som da minha própria respiração.
Eu estava em silêncio.
O mundo não.

domingo, 5 de outubro de 2008

Uma história qualquer

Num domingo comum, como outro qualquer, um ser comum como outro qualquer acorda e come um pão qualquer comprado numa padaria qualquer que um padeiro qualquer fez de qualquer jeito.
O ser qualquer sai então à uma rua qualquer e diz um oi a outro ser qualquer.E eles sequer se conhecem.
Anda por qualquer caminho, saboreando o trajeto, mesmo sendo este, um trajeto qualquer.
Continua dizendo oi a qualquer pessoa que vê pelo caminho,sorrindo de qualquer jeito, do jeito que der.
Entra num bar qualquer, pede uma bebida qualquer, senta em qualquer mesa e puxa conversa com o ocupante da mesa ao lado.
Volta pra casa e assiste qualquer canal. Eis que um pensamento passa pela sua cabeça, voando com a graça de uma borboleta: " O qualquer cansa".

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Se os políticos já começam a errar pela campanha, emporcalhando as ruas com a distribuição de "santinhos", imaginem o quão emporcalhados serão os seus mandatos...

sábado, 4 de outubro de 2008

Inauguração do blog! Não, não vai ter festa, e também não vai ter bolo!

Hoje todas as idéias fugiram. Justo hoje, na inauguração...Isso é coisa da minha fiel companheira Lady Murphy ( Sim, estou copiando o comercial que passava na TV há uns meses ). Ela aparece toda hora pra me dizer um oi e nem me pergunta se eu gostaria de tomar uma xícara de café.
A Lady Murphy deve ser esposa do Sr. Zica, e ambos tem gostado bastante de me fazer visitas quando a única coisa da qual eu não preciso é de um casal sorridente que bate à minha porta, invade a minha casa e ainda quer pôr defeito nas minhas coisas, além, é claro, de não ter nenhuma noção da hora de ir embora, por mais que eu encene bocejos e diga que amanhã eu devo acordar cedo.