sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A passageira e o motorista - Parte I ( ou única)

Caiu. Perdeu o equilíbrio e caiu no chão enquanto atravessava a rua. Por algum motivo não conseguiu se levantar e ficou ali, olhando para as rodas dos carros e para a mal pintada faixa de pedestres. Naquele momento achou que fosse morrer, sentiu o fino tecido das vestes da morte roçar o seu rosto.
Não viu a sua vida passar diante dos olhos como dizem que acontece quando alguém está quase entrando pela porta do além. Pensou em quantos segundos teria, porque sim, ainda naquela condição absurda, pensava.Era o seu vício.
Tinha o costume de calcular todas as probabilidades de futuros acontecimentos, e deste modo tinha vivido uma vida segura. Não correra riscos, evitava-os como o sol evita aparecer em dias chuvosos.
Alguém correu para ajudá-la. Era o dono do carro que estava parado à sua frente.
-Ei moça!tudo bem? Machucou aí?
Ela o olhou nos olhos, mas não disse nada. Pensou no quão gentil o motorista estava sendo com ela. Ele poderia tê-la xingado , ou apenas buzinado do conforto do seu carro. Mas não, estava ali, abaixado ao seu lado e parecia preocupado.
Vendo que a moça não dizia nada, o motorista decidiu levá-la a um hospital, pensando que ela talvez estivesse num estado pós-traumático.
Com muito cuidado levantou-a do chão e a ajudou a sentar-se no banco do passageiro. Ela não questionou, estava tão imersa em seus pensamentos que não tinha muita consciência do que era certo ou errado fazer, por isso deixou-se levar.

Durante o caminho ouvia o homem lhe fazer perguntas, mas não as respondia. A voz dele era como um eco distante.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hey... Texto ótimo só pq é constante mas... Foi invenção ou ainda está naquilo de retratar mto bem o cotidiano? Pq se for isso! Owwwww tah td bem?

Até +