Vestiu o que não era a sua melhor roupa mas sim a que mais gostava. Olhou-se no espelho e não tentou ajeitar os cabelos, achava que os fios despenteados lhe davam certo charme.Como se tomasse consciência de si mesma sorriu olhando nos próprios olhos.
O sorriso se desfez, mas permaneceu nos olhos.
Chegou discretamente, subiu as escadas e posicionou-se diante do microfone.Todos tinham ouvidos abertos e desconfiados, mas não precisou respirar fundo para começar a dizer aquilo que sempre quis.
“Respeitável público, senhoras e senhores membros do júri, é com satisfação que digo: Danem-se. Danem-se todos os seus olhares e exclamações de reprovação.Dane-se o que pensam, vão pensar ou o que dirão. Não lhes dou mais nenhum poder.Não vou mais guiar-me pelo meu reflexo em suas águas. Danem-se. Escolhi viver.”
Talvez o último desejo - Rachel de Queiroz
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